Entrevista do mês: dicas insiders de Praga com Gabe Britto

De David Cerny a Franz Kafka, Praga sempre foi um centro cultural muito importante na Europa. Nas últimas décadas, a cidade caiu no encanto dos viajantes do mundo todo graças ao seu charme especial, sua história e arquitetura impressionante. Recentemente também levou o título de um dos destinos mais baratos do velho continente.

Se você tem planos de viajar pela República Tcheca, não embarque sem conferir as dicas do Gabe Britto. Blogueiro de viagem das antigas e curioso por natureza, ele recentemente lançou um site essencial para quem quer conhecer Praga e viajar pelo país: o Insider Praga. Na entrevista abaixo, ele compartilha informações preciosas para quem também quer se apaixonar por Praga.

Quais são seus programas favoritos em Praga?

O favorito mesmo é caminhar sem rumo pela cidade. Praga tem muitas atrações lindas, muitos lugares famosos que você precisa ver ao vivo, mas ela tem um número infinitamente maior de belezas escondidas pelas ruas centrais e nas áreas fora dos mapas turísticos. São coisas que você só descobre caminhando com calma, indo mais longe, fazendo trajetos diferentes do habitual e olhando para todos os lados. Às vezes são prédios, ruas e cenários inteiros, mas às vezes são detalhes de fachadas, cafés, lojinhas e tudo que é possível imaginar. Você pode passar a vida andando por Praga, mesmo assim, mais cedo ou mais tarde, vai ser surpreendido por algo incrível que nunca havia visto antes.

Outro programa que amo é acordar cedo para caminhar pelas áreas mais turísticas – enquanto elas ainda estão vazias. Isso dói, porque é preciso sair da cama muito cedo mesmo (por volta de 4h30 da manhã no verão) mas a recompensa é enorme.

Quantos dias você recomenda ficar na cidade?

Três dias é o mínimo para conseguir ver o básico sem correria – e eu também considero que menos que isso é um insulto, melhor nem passar pela cidade então. Mas eu recomendo 5 dias para quem quiser fazer uma visita decente e 7 para quem quiser realmente aproveitar Praga.

Quais são as maiores roubadas pega-turistas?

As roubadas de Praga precisam ser exemplificadas de forma geral, porque são pega-turistas em setores onde também existem serviços honestos. Outras não são necessariamente roubadas porque dependem de gosto pessoal, como os passeios de barco ou a Ponte Carlos lotada: tem gente que ama e gente que se frustra.

As casas noturnas nos arredores da Praça Venceslau (Václavské námestí), por exemplo, costumam ser furada, principalmente aquelas com homens na porta tentando convencer você a entrar. Táxis chamados na rua ou pegos nas estações de trem também têm tudo para causar prejuízo, assim como trocar dinheiro nas casas de câmbio sem antes perguntar exatamente quanto você vai receber.

As lojinhas de souvenir da rua Karlova – que liga a Praça da Cidade Velha à Ponte Carlos – costumam cobrar preços absurdos, mas se você não se importar com isso e tiver amado algo delas não é roubada. O mesmo vale para os museus “exóticos” e de cera, principalmente aqueles nas regiões mais turísticas: para mim, muitos deles são armadilhas, são péssimos, mas tem gente que adora, fazer o quê?

A única roubada pega-turista que consigo apontar o dedo mesmo é a tal “rua mais estreita do mundo”. Aquilo é mentira, não é uma rua, tanto que não está nos mapas. É um acesso a um único restaurante. Se você estiver passando por ali, legal, pare para ver. Mas não mude o seu caminho para ir até ela.

Qual é o erro mais comum que cometemos ao planejar uma viagem para Praga?

Reservar poucos dias só porque a cidade é relativamente pequena. Como eu disse, ela esconde maravilhas que só são descobertas quando você sai do circuito turístico ou faz caminhos diferentes. Com poucos dias, fica difícil fazer isso.

Praga combina com quais outros destinos?

Pela proximidade, a combinação clássica (e muito válida) é com Berlim, Viena e Budapeste, mas eu sinceramente acho que Praga combina com qualquer lugar, porque ela é linda e diferente de tudo, então consegue “quebrar” bem uma viagem quando você precisa mudar de tema para não cansar do roteiro.

Já fiz Praga no meio de Paris e Londres, como um descanso entre as duas megacapitais. Também já coloquei num roteiro com Amsterdã e Colônia. Mais recentemente, coloquei a cidade logo depois de Teerã, para relaxar e beber a melhor cerveja do mundo após passar 10 dias numa megalópole onde o álcool é proibido. Todas essas combinações foram excelentes e Praga caiu como uma luva.

Saindo das combinações com cidades maiores, Praga fecha perfeitamente com outras lindezas tchecas, como Ceský Krumlov, Karlovy Vary e Brno. Com mais tempo no país, você se acostuma mais com ele, com a língua, com os hábitos, e consegue aproveitar melhor. Mas nesses casos Praga entra como a metrópole que quebra a calmaria das outras.

Tem alguma dica adicional de bons bares e restaurantes?

Os restaurantes da rede Lokál viraram os meus preferidos, desde que fui neles algumas vezes recentes. Eles servem cerveja de barril e comida tcheca tradicional num ambiente todo feito para lembrar os botecos antigos (mas com toques atuais). São ótimos mesmo.